Monday, October 01, 2007

Gregos e Troianos (4ª parte)

Capítulo 4- A Diferença

Dali em diante a escalada iria ser como escalar em folhas de árvores, com muito cuidado e delicadeza para não despencar, cheguei até a chapa! E para minha surpresa vi outra ao lado dela, EU ESTAVA NA PARADA!!!! Beijei a chapa tamanha a emoção!!!hahahaha..... armei a parada..... tirei a sapata, que alívio!!! Coisa mais prazerosa.....fazia um tempo q eu não sentia meus pés, tinha até achado um lugarzinho para sentar e dar segurança para o léu tranqüilamente...tudo perfeito....
Nard começou a escalar..... e logo de cara um móvel ficou preso em uma agarra la embaixo do tetinho bem no começo....a corda entuxou o móvel para dentro durante a minha escalada e deu um trabalho para o leu! Perfeito, tirando isso ele continuou escalando.....e minha sede aumentando....minha água tava com ele. De repente... as tão temidas abelhas resolvem dar o seu ar da graça! Ouço um enxame se formar a uns 15 metros de mim, um barulho de centenas de abelhas se aproximando de mim: "merda agora lascou, elas estão vindo para cá, eu to dando segurança para meu amigo, não tem como fugir..... vou ao menos salvar a do meu parceiro caso o pior aconteça comigo".... peguei um pedaço de corda e fiz um no para travar meu parceiro caso acontecesse algo...... e pedi a Deus tanto para me proteger que acho q ele ficou de saco cheio e mandou todas embora.....UFA! Depois dessa poderia jogar minha cueca no lixo de tão borrada!
Não demorou muito o Léu já estava na parada, escalou bem rápido a via e ele já demonstrava sinais de cansaço, optou por fazer uma parada rápida e continuar a última cordada que era um trepa mato até o final do col do baú.
Passou por mim e foi até o final facilmente, chegou lá em cima e disse:
-João, espera um pouco vou tirar minha sapatilha- sentou no chão tirou as sapatas com um pouco de esforço, mas deu para ver na cara que ele ficou mais feliz em tirar a sapata doq chegar ao final da via....
Agora era a minha vez de calcar a sapatilha, colocar a mochila nas costas e ir até o final. Cansado, fui me arrastando até o cume da via, o sou tava muito forte o calor insuportável, a dor no pé voltou e eu só pensava: “quando chegar lá em cima não chegamos ao fim, falta pegar a corda do gandra, arrumar tudo, descer o col e ir até o carro...somente ai estaremos no fim.” Cheguei ao cume nem comemorei muito, apertei a mão do léu, agradeci mentalmente a Deus e ao Léu por me manterem vivo e fazerem eu ter um dia de escalada tão gratificante:
-Léu vamos comemorar no estacionamento- cansado isso foi a única coisa que consegui balbuciar.
A garganta estava seca novamente, pois a última vez que bebi água foi quando o léu chegou na última parada mesmo assim tinha pouca água com ele. Desci até onde deixei mais uma garrafa de água escondida, tirei a sapatilha(coisa muito prazerosa de se fazer) e bebi água!!!! Que delícia!!! Esperei a chegada do parceiro.....tirei tudo e deitei no chão do col.... fiquei lá por um tempo pensando.... o léu tbm parou por um tempo e ficou fazendo o mesmo. Essas horas são legais, eu nunca me lembro oq pensei na hora, mas sei que é muito gratificante, acho que nos encontramos em outra sintonia é uma hora que o cérebro desconecta do mundo e tudo fica diferente e prazeroso.....não sei explicar só sei que e bom, é algo que nos tira da realidade que nos cerca.
Arrumamos tudo e rumamos ao estacionamento, comemos um pouco na barraquinha que fica no estacionamento... entes de entrar no carro comprimentei o Nard novamente, missão cumprida ...fomos pela estradinha de volta para casa....chegamos em casa cada um colocou um crash pad no gramado deitamos, cada um com seu crash com uma cervejinha na mão....fizemos tudo isso naquele modo desconectando com o mundo que atingimos no cume da via, então ficamos admirando o complexo do baú.
Tão grande, alto, misterioso e cheio de imponência e estivemos lá algumas horas atrás, vencemos um pouco daquilo... para alguns pode ser algo insignificante, escalar uma via de grau tão baixo, para outros pode ser impossível, mas o importante é que aquilo era almejado por nós, ambos tinham vontade de vencer aquela linha, independente das condições físicas e psicológicas. E foi assim que recebemos em troca uma sensação de missão cumprida, uma sensação de sermos seres humanos diferentes, nem melhores nem piores apenas diferentes, acho que todos sentem isso quando ultrapassam um pouco seus limites......
Arrumamos tudo e fomos jantar e depois voltar para a realidade...



Agradeço São Bento do Sapucaí, por não me deixar cai!ahahhaha....Obs: eu tinha que agradecer alguém .....


Desculpem a demora desta última parte.....hehehehe..... espero que tenham gostado, depois que percebi que bastante gente esta lendo esse blog fico feliz.
Espero também que esse texto sirva de estimulo para os escaladores para superarem seus limites e seus medos, pois isso faz um bem para nós mesmos.......independente dos limites....pode ser superar um quarto grau ou uma via impossivel.....mas ao menos tentar, já é uma forma de se superar.
Isso nós torna diferentes.....

Boas aventuras!

Beijos e abraços!

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