Tuesday, December 18, 2007

Contos de Escalada

Escalador 1
parte 4


Depois de tanto tempo se vendo, alguns finais de semana sim e outros não, justamente pelo fato do bosque não ser tão acessível para o casal quanto para o garoto que morava na fazenda ao lado, os dois jovens resolvem presentear o garoto, torna-lo um escalador de verdade. Não pelo fato de que um escalador dependa de equipamentos para se afirmar, pois todos, em alguma parte de sua vida, descobrem por si só que são escaladores independente dos equipamentos que tem ou, se já se iniciaram na escalada ou não. O presente era apenas uma ajuda para afirmação e convicção de que o garoto poderia ir além de seus limites. Juntaram algumas economias, compraram uma sapatilha boa e um saco de magnésio, pois com isso o garoto já poderia ganhar autonomia própria para evoluir além dos limites de sua simples brincadeira de subir pedras.
Chegado o dia da grande surpresa, e empolgados com a possibilidade de ver a cara do menino diante dos presentes que sempre pensou comprar, chegaram mais cedo que o garoto ao setor. Ficaram um tempo por lá somente esperando, mas o garoto não aparecia. O desanimo tomou conta dos dois que resolveram esperar o garoto escalando e procurando novas linhas para serem tentadas. Chegou o final da tarde, e a apreensão ficou descarada. O garoto nunca deixou de ir um final de semana ao bosque, mesmo que fosse somente para conversar rapidamente, pois a escalada seria substituída por alguma tarefa familiar. Os jovens, no final da tarde, guardaram suas coisas e resolveram passar na fazenda onde o menino morava. Devido a proximidade da fazenda e o bosque, foram caminhando e por volta de dez minutos avistaram uma casa simples onde poderia ser a morada do garoto de acordo com suas descrições anteriores. Uma criança estava puxando uma cabra para dentro de um celeiro, a primeira vista para os dois parecia ser Guilherme, logo viram que era uma criança muito parecida com ele, embora fosse mais velha.
-Boa tarde, é aqui que mora o Guilherme?
-É sim senhor. Ele esta lá dentro. - A criança segurando a cabra com um pouco de esforço apontou a entrada da simples casa.
Aquela construção era muito curiosa, alguns traços coloniais deixavam a impressão de terem voltado no tempo, porém a conservação e limpeza provavam que aquela visão era obra de muito capricho dos donos da casa. Chamaram pelo menino, bateram palmas, aguardaram alguns segundos... Guilherme com muita dificuldade sai da escuridão da casa, iluminado pelos últimos raios solares. Logo ambos viram o motivo de sua ausência, sua perna estava engessada. Seguido daquele que supostamente parecia ser seu pai, abriu um sorriso de satisfação ao ver seus dois colegas.
Todos naquela pequena reunião foram apresentados, o pequeno garoto contou como quebrou a perna. Tentando chegar ao topo do maior bloco que já havia visado sofreu uma queda, pois uma grande pedra se desprendeu com o peso do seu corpo, derrubando-o. Explicou de maneira humilde, como era de seu feitio. Ficou durante algumas horas gritando sem ser ouvido e sem poder se mexer, o homem que acompanhava o garoto interrompe a historia, contando agora como foi que ouviu os gritos do filho e o trouxe de volta para casa, falou tudo com muito orgulho e serenidade.
-É muito triste saber o que te distanciou dos nossos encontros. Saber que durante um bom tempo ficara sem escalar. Mas saiba que quando voltar será um novo escalador.A garota junto ao rapaz estendeu o presente para o garoto, que muito feliz agradece e senta rapidamente ao chão para experimentar somente o pé direito da sapatilha. Emocionado o garoto se levanta com dificuldade, negando ajuda ao pai, que tentou facilitar o ato. Abraçou ambos os amigos, o pai cordialmente agradeceu ambos pelo presente. A cena teria sido memorável se a mãe do garoto não viesse gritando agouras com uma bacia cheia de grãos de milho a mão. Interrompeu o agradecimento dos presentes de forma grosseira, falou mal ambos visitantes e disse para os dois que eles eram responsáveis pela perna quebrada do filho.

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