Monday, November 16, 2009

Tradição...

Esse é um pequeno conto que escrevi a muito tempo atrás....
resolvi postar ele....
espero que gostem.....

bjos bjos


Tradição


Retirou o pequeno fruto que estava ao alcance de suas mãos. Perante o mesmo gesto colocou o pequeno globo, com cor de ferrugem contra o sol. Apertou o olhar, esboçou um sorriso e garantiu: “essa safra será boa”.


A primeira frase dita sobre aquele solo foi bradada por sua avó. Estamos falando de uma família de tradição, onde cada ente, estabelece com o solo que nasce um profundo louvor terreno.


A colheita foi irreal. Durante anos, um fato como aquele não ocorria. Até mesmo os mais vividos que por aquelas bandas estavam, concordaram com o fenômeno.


Agora o suor escorria pela testa, mas por outra ocasião. A retirada dos frutos da parreira havia passado. Agora é hora de retirar aquilo que existe de mais nobre produzido por aquelas terras privilegiadas.


O sistema de caráter primitivo perdurará por muito tempo. Pisar até extrair o néctar das frutinhas exigia uma dedicação fora do comum. Tal ato era uma dança. Esta que foi elaborada por ancestrais que pertenciam aos tempos que antecedem a era medieval.


Agora, diante do nobre e rúbeo líquido, haviam de ponderar. O patriarca retém parte da produção para o consumo de subsistência, posto que esta iguaria faz parte da cultura popular local. A outra fração será derramada sobre o cálice dos fidalgos de todo o mundo.


Cada garrafa sofrerá a maturação necessária. Somente o seu detentor saberá o momento exato de degustar. O prazo de validade inexiste. Esta subjetividade garante uma autenticidade para cada rótulo.


O fidalgo pode entender que o melhor momento será ao festejar o nascimento de mais um rico herdeiro. O produtor, aquele que garantiu parte de sua cria advinda de suas terras, acredita que o melhor momento é determinado pela gratidão transmitida por seus familiares. Mas, a última garrafa só poderá ser aberta quando outra safra memorável regar os futuros cálices.


Tradição que garantiu o exaurimento da última garrafa de vinho produzida por sua avó. Vinho este que lhe garantiria valores para comprar qualquer reino dos fidalgos que patrocinam sua existência.


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