Thursday, August 30, 2007

Contos de um dia normal

O único desejo

- Dois patinhos na lagoa!
- Bingo! Aqui ganhei!
- E o bolo de fubá vai para a senhora ali da esquerda...
Levaram o bolo de fubá, premiação para quem conseguisse a cartela cheia. Ela agradeceu graciosamente, colocou o bolo do tamanho de uma bola de futebol na sacola que carregava e saiu do salão.
Após atravessar a rua, pensou consigo mesma: "dois patinhos na lagoa...”. Abriu a ponta de sua casa, um aroma de rosas invadiu o ar seco da noite, ela se lembrou da origem do cheiro. Olhou para o canto escuro da sala onde deixou com muito carinho as varias rosas que recebera no dia, atravessou a sala onde parecia que o tempo esqueceu aquele lugar. Esticou a mão para o lado esquerdo, já dentro da cozinha, assim como de costume quando entramos em um cômodo sem luz, notou a presença de seu gato deitado sobre a mesa como uma almofada peluda deixada no lugar errado. Não quis incomodar o animal, por respeito ao seu único companheiro naquela casa.
Tirou o bolo da sacola feita de tricô, feita por suas próprias mãos, que aprenderam tal arte muito tempo atrás quando sua avó ainda era lúcida e viva. Colocou o bolo sobre a mesa e lembrou de uma vela guardada em algum lugar... Procurou um pouco e encontrou. Uma vela já usada de quando faltou luz alguns meses atrás. Sentou-se em frente ao bolo, com as mãos tremulas e finas acendeu a vela com o fósforo que estava junto da vela branca.
Olhou aquela chama amarela, dançando como um bufão em sua homenagem, levando um sorriso resplandecer sobre sua face vincada pelas rugas decorrentes do tempo. Foi remetida a um tempo onde aquela casa, naquela mesma hora, não estaria somente abrigando uma velha e um gato, o recinto estaria cheio de calor, falatórios, risadas... O cheiro de rosa que impregnava a sala atualmente foi trocado pelo cheiro de comida recém preparada, de bebida barata, perfumes misturados...
O tempo é cruel com algumas pessoas... Bolo, mulher e gato, formam o atual dia especial. Esse sistema impróprio de felicidade já estava chegando ao fim, e talvez ela soubesse disso. O bufão ainda dançava sobre o toco branco, observado pela velha. A hora de cortar seu último pedaço de bolo estava próxima, porém tinha que fazer seu último pedido.
"Quero que daqui alguns anos alguém saiba que eu existi...", dorme o bufão e morre a velha........

Rosa
- data de nascimento: 30 de agosto de 1907
- data de falecimento: 30 de agosto de 1985


Mais um entre nós

Correu, fechou a porta da casa, esqueceu de trancar como muitas vezes havia feito, mas desta vez em especial normalmente qualquer pessoa iria esquecer de trancar a porta.
-Pegou o celular que eu deixei sobre a mesa?
-Puts! Esqueci e já volto lá para pegar - falou olhando de um modo desesperado para sua mulher.
Voltou novamente correndo, porém dessa vez não esqueceu somente a porta destrancada, também esqueceu a chave na porta, que usou para abrir a porta que havia deixado destrancada. Entrou no carro acionou a ignição, nem falou com a mulher para não lembrar de mais nada.


-Ótimo, espere um pouco a enfermeira trará a criança assim que puder...
Ansioso, o pai com a câmera na mão filma a grande janela, em uma espera ansiosa para ver sua cria.


Beija a esposa...
-Ela é linda!
-Eu vi... É inexplicável o que estou sentindo e senti nesses último mementos - diz a mulher com a voz tremula de emoção.
Ele toma a criança no colo, sua gravata meio torta deixa seu aspecto um pouco cômico, um executivo que acaba de ter sua vida transformada. Chorando, sua testa cheia de gotículas de suor, apesar do frio, beija a menina... Na testa.
-Alguém deve estar sentindo a mesma coisa que sinto agora neste exato momento...


Hilda:
-data de nascimento: 30 de Agosto de 2007
-data de falecimento:...........................


Justiça?

Seu coração estava batendo rápido. Chutou a porta, tirou de baixo da camiseta um revolver, pesado para um garoto daquele porte. Sua cabeça ainda estava meio confusa, não sabia direito qual o motivo daquilo tudo. Gritou e gesticulou um pouco para ameaçar as pessoas.
-Seu moleque! Conheço sua família toda, eu ajudei a trocar suas fraldas...
Afim de silenciar aquela senhora que o incomodava, atirou e matou. Um gesto simples, tudo que o importunar ele vai matar naquele lapso de tempo. Em um simples gesto e sua vontade é atendida, aquilo conforta o garoto, pode ser pelo motivo de que nunca seus pedidos foram atendidos tão rapidamente.
Todos ficaram acuados, as pessoas não tinham controle sobre a situação, uma criança os tinham nas mão. Ele pegou o dinheiro do caixa, colocou tudo no bolso e correu...
Ao sair ouviu o barulho de sirene, rua deserta, se esforçou mais ainda para se distanciar mais rápido daquela rua, entrou em uma ruela jogou a arma em um canto, sentou no chão e ainda ofegava.
Pensava de forma fria e conexa, "Peguei o dinheiro, da para comprar cola e comer alguma coisa...".
Sua respiração voltou ao normal, levantou e saiu para o próximo estágio de seu dia. Virou a esquina...
-Ali! O moleque está ali! Matem! Matem!
Uma multidão de pessoas correu em direção ao garoto e o mataram: pedradas, pauladas, tiros, chutes e socos...
Justiça feita com as próprias mãos ...

Nome desconhecido:
- data de nascimento: desconhecida
- data de falecimento: 30 de Agosto de 2007


Criando vidas

De fora da janela consegue- se ouvir os pássaros, do lado de dentro um jovem. Sentado de modo estranho, atrás de mesas de mármore, atende ao telefone, escreve, lê, escreve mais um pouco...
Assim ele vai criando aquilo que pode existir, criando aquilo que lhe convém. Da vida aquilo que pode morrer, ou matar aquilo que lhe da vida, pode fantasiar estando ali sem estar. É uma forma de comemorar consigo mesmo um dia como outro qualquer.
Cria situações em que um pedaço de si transparece se olhar atentamente, faz nascer pessoas ou mata outras sem culpa. Cria, movimenta, acalenta e se satisfaz sem querer satisfazer ninguém.
Escreve e pensa... vive e não esquenta.......

João Ricardo:
- data de nascimento: 30 de Agosto de 1985
- data de falecimento: ........................

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Thursday, August 02, 2007

Parceira ideal


Lealdade




s. f.,
qualidade de leal;
fidelidade;
sinceridade;
acção leal.

Isso é oq sempre aconteçe, a cada beijo perco meus referenciais tudo muda: cor, som, percepção, emoção... A cada segundo tudo vira ilusão, ou tudo era ilusão e o beijo foi real...

Mais uma trip com uma perceira leal, sempre ao meu lado ajudando e sempre me surpreendendo, me fazendo rir, fazendo eu me entender interiormente, conquistando cada vez mais uma pessoa dentro de mim que eu pessava que não existia ou não existiria...

Vc sabe a importância da sua presença.... ou sua ausência quando essa for a única solução possível, porém indesejável e fatídica....

Obrigado fica tão opaco, tão sem graça, tão sem sentido, tão pouco, quando eu dirijo essa palavra a vc....... o vocabulário não tem nada que se encaixasse no momento. Vai ver essa palavra não existe pq ninguém, além de mim, teve uma companheira como vc para ter que agradecer com palavras a tua companhia...

"tua palavra, tua história, tua verdade fazendo escola..."

Fina especial

João Ricardo


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foto = palavras...

tem horas que uma foto e melhor que palavras...

foto by Gabi

João Ricardo

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Melhoras...

...se existe uma pessoa que possa transmitir para nós o sentido da palavra roots, não existiria ninguém melhor que ele...

Frangolino penoso, nesses últimos tempos passou por alguns perreios. Sofreu um acidente, mas sei que ele é forte, e que passará de alma lavada mais uma vez por outro perrengue que a vida lhe apresentou! Ele é forte, desejo que seja mais ainda, pois a vida não acabou. Desejo mais perrengues! Sim, desejo mais perrengues, e que a cada perregue você possa se superar cada vez mais, pois sei que vc consegue. E que cada perrengue torne vc mais cascudo, para encarar o outro perrengue sempre de bem com a vida como vc sempre é.... afinal, uma vida sem perregue para ele perderia o sentido...
Fio! Quero que melhore rápido para te ver como esta foto.... ou melhor quero te ver da mesma forma que te vi esse dia quando cheguei no pontão! Pulando e sorrindo feito uma criança para contar as cadenas feitas!

abraços!!!

João Ricardo

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