Wednesday, December 19, 2007

Contos de Escalada

Escalador 1
parte 5 (final)

-Não admito que ele suba mais essas pedras!
Arrancou aos presentes do filho e os atirou dentro do chiqueiro dos porcos. Ato de uma mãe desesperada pela integridade de sua cria, e o marido mais que depressa acolheu a mulher que descontroladamente mandou os visitantes irem embora.
O casal que presenteou o menino atravessou o portão da fazenda desolo, perderam um parceiro de escalada e um grande potencial de escalador. Sem poderem se despedir da criança tudo ficou mais doloroso, afinal foram ameaçados a saírem da fazenda como animais.
A escalada do casal não cessou. Continuaram escalando no bosque, visitando aquele setor que lembrava tanto a boa companhia do divertido garoto. Algumas linhas dos blocos receberam alguns nomes em sua homenagem, alguns como: “Guilherme”, que era um dos blocos que o garoto mais almeja subir, outro como “Pequeno Potencial”.
Em uma dessas visitas ao bosque, o casal junto com mais três amigos tentavam uma linha bastante peculiar. Ela transcorria sobre a boca de uma caverna, esta que já havia sido explorada outras vezes quando este mesmo grupo foi obrigado a se abrigar da chuva típica de uma estação do ano. Em algumas tentativas todos estavam chegando praticamente ao final da grande boca da caverna. O jovem, amigo de Guilherme se destacava entre todos do grupo com sua grande destreza em subir bloco e nesta linha como sempre chagava mais longe que os outros, porém faltando alguns poucos centímetros para alcançar o final.
Foi depois de algumas exaustivas tentativas que passou o ponto de onde não conseguiu passar outras vezes. Visivelmente distante do chão a alguns cinco metros a queda não seria sua grande companheira. O fracasso seria muito doloroso, pois a partir do ponto em que ele não conseguia passar anteriormente, não havia formas de proteção em sua queda. A parede levava o escalador a ficar sobre um emaranhado de arbustos espinhosos típicos daquela região do bosque, seus amigos não tinham o que fazer, afinal era impossível caminhar dentre a vegetação hostil. Voltar por onde veio era uma idéia nula em sua mente, a única coisa que pensava era na irresponsabilidade de não ter mensurado os danos causados pela queda antes de chegar até ali, possibilitando uma desistência prematura, mas funcional para sua integridade. Sua mão direita alcançou uma saliência redonda na rocha, de acordo com o plano que traçou rapidamente naquela situação, seguraria mais um pedaço de pedra pequeno e rapidamente se jogaria com a mão esquerda em uma pequena árvore que se encontrava no topo, facilitando o domínio da boca da caverna. Rapidamente sua mão direita apertou com muita forca o pequeno pedaço de pedra que se sobressaia entre outros, com um balanço muito preciso do corpo sua mão esquerda segurou o caule da pequena árvore. A explosão de gritos vinda da base da entrada da caverna foi imediata, todos estavam aliviados com a magnífica salvação do escalador. Com a mesma rapidez que os gritos de alívio invadiram o bosque, um estralo surdo calou todos, o caule da pequena árvore se partiu...
Caso fosse qualquer outro escalador com um pouco menos de força, teria ocorrido um grave acidente. Sua mão direita por extinto segurou todo o seu corpo suspenso no ar, com muita calma voltou a segurar com a mão esquerda a saliência arredondada. Na sua última tentativa de evitar a queda dirigiu sua mão esquerda para o que sobrou do pedaço da árvore que se partira. Como já esperava, o pequeno toco começou a ceder vagarosamente, o jovem na tentativa de evitar maiores ferimentos olhava para baixo procurando o melhor lugar para cair. O local da queda estava escolhido, alguns gritavam para ele agüentar firme, pois já estavam tentando subir o bloco por trás. Uma mão gelada, espantosamente, o segurou pela mão esquerda.
Guilherme estava de volta. Aquele pequeno corpo foi suficiente para dar a sustentação necessária ao seu amigo, possibilitando o domínio seguro da boca da caverna. Ambos seguros sobre a pedra se entreolharam, os barulhos de aplausos e gritos vindos de baixo eram estarrecedores, outras pessoas vindas de outros setores, desconhecidos por Guilherme, compareceram para assistir a quase conquista da boca da caverna, tão almejada por todos.
Ambos se saldaram de forma nostálgica.
-O que traz você aqui?
O pequeno garoto conta que o pai e os irmãos convenceram sua mãe que a responsabilidade da perna quebrada não era dos dois amigos. A mãe entendeu com um aperto no coração e deixou o filho voltar a suas atividades que tanto gostava.
-E sua perna como esta?
A perna do menino estava curada. Sua volta estava concretizada. Tirou da sacola que levava nas costas as sapatilhas que recebeu de presente, costuradas de forma tosca pelo pai, pois a mãe arremessou o par aos porcos que fizeram o favor de causar alguns estragos. Aquilo tornava aquela sapatilha única...
Após alguns anos, o garoto tornou-se um jovem. Conheceu no decorrer deste tempo todos os setores do lugar, cada pedra escalada, cada linha já escalada, cada saliência nas pedras já seguradas. Ganhou respeito e sua fama era nacional, mesmo até sem nunca ter saído daquele bosque. Foi responsável pela elevação da modalidade que praticava, conheceu pessoas outras que não eram seus amigos iniciais.
O jovem que conheceu no primeiro dia que visitou o bosque agora era um homem. Foi responsável por outras sapatilhas do garoto. Escalaram muito tempo juntos, ambos estavam no mesmo nível de evolução, um aprendia muito com o outro. Infelizmente uma lesão afastou o homem de seu esporte e de seu parceiro de escaladas, fato que o desmotivou a voltar escalar, esquecendo de vez o esporte, acontecimento muito doloroso em sua vida.
Guilherme continuou escalando, conhecendo novas pessoas, ajudando a família no campo. Um dia passeando pelo bosque buscando novas linhas, coisa que parecia impossível simplesmente pelo fato de já ter escalado todas conhecidas. Mas, algo lhe dizia que a linha mais perfeita de sua vida estava nas redondezas. Ele gostava de fazer isso solitariamente a fim de lembrar os seus tempos de infância, com um colchão para amparar as quedas e um par de sapatilhas, procurava.
Demorou um pouco para achar o bloco de sua vida. Encontrou. A beleza daquele bloco era exuberante, quase como um grande escudo medieval de pedra encravado na terra, inclinado formava um ângulo acentuado com o chão. As saliências eram evidentes, a linha era muito óbvia e, era apenas uma. O coração do jovem acelera a cada passo em direção àquela grande placa inclinada. Sem demora calçou as sapatilhas, esticou o colchão e começou suas tentativas. A princípio não conseguia tirar o seu corpo do chão, teria que puxar com as duas mãos uma saliência arredondada e voltada para os seus pés para logo após segurar um pequeno friso que cortava a pedra de uma extremidade a outra, paralelamente ao chão. O sucesso o contemplou após algumas tentativas o insistente jovem. Segurando a pequena saliência por alguns poucos segundos a queda foi inevitável. Feliz, caído no chão, levantou a cabeça de forma satisfatória, levando-o a concluir que ainda teriam mais quatros metros com a mesma dificuldade a ser vencida. Sentia-se esgotado aquele simples movimento sugou todas as suas energias.
Voltou para casa sabendo que necessitava de ajuda para dominar aquele bloco e, sabia muito bem quem deveria o acompanhar no domínio desde bloco dos seus sonhos.

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Tuesday, December 18, 2007

Contos de Escalada

Escalador 1
parte 4


Depois de tanto tempo se vendo, alguns finais de semana sim e outros não, justamente pelo fato do bosque não ser tão acessível para o casal quanto para o garoto que morava na fazenda ao lado, os dois jovens resolvem presentear o garoto, torna-lo um escalador de verdade. Não pelo fato de que um escalador dependa de equipamentos para se afirmar, pois todos, em alguma parte de sua vida, descobrem por si só que são escaladores independente dos equipamentos que tem ou, se já se iniciaram na escalada ou não. O presente era apenas uma ajuda para afirmação e convicção de que o garoto poderia ir além de seus limites. Juntaram algumas economias, compraram uma sapatilha boa e um saco de magnésio, pois com isso o garoto já poderia ganhar autonomia própria para evoluir além dos limites de sua simples brincadeira de subir pedras.
Chegado o dia da grande surpresa, e empolgados com a possibilidade de ver a cara do menino diante dos presentes que sempre pensou comprar, chegaram mais cedo que o garoto ao setor. Ficaram um tempo por lá somente esperando, mas o garoto não aparecia. O desanimo tomou conta dos dois que resolveram esperar o garoto escalando e procurando novas linhas para serem tentadas. Chegou o final da tarde, e a apreensão ficou descarada. O garoto nunca deixou de ir um final de semana ao bosque, mesmo que fosse somente para conversar rapidamente, pois a escalada seria substituída por alguma tarefa familiar. Os jovens, no final da tarde, guardaram suas coisas e resolveram passar na fazenda onde o menino morava. Devido a proximidade da fazenda e o bosque, foram caminhando e por volta de dez minutos avistaram uma casa simples onde poderia ser a morada do garoto de acordo com suas descrições anteriores. Uma criança estava puxando uma cabra para dentro de um celeiro, a primeira vista para os dois parecia ser Guilherme, logo viram que era uma criança muito parecida com ele, embora fosse mais velha.
-Boa tarde, é aqui que mora o Guilherme?
-É sim senhor. Ele esta lá dentro. - A criança segurando a cabra com um pouco de esforço apontou a entrada da simples casa.
Aquela construção era muito curiosa, alguns traços coloniais deixavam a impressão de terem voltado no tempo, porém a conservação e limpeza provavam que aquela visão era obra de muito capricho dos donos da casa. Chamaram pelo menino, bateram palmas, aguardaram alguns segundos... Guilherme com muita dificuldade sai da escuridão da casa, iluminado pelos últimos raios solares. Logo ambos viram o motivo de sua ausência, sua perna estava engessada. Seguido daquele que supostamente parecia ser seu pai, abriu um sorriso de satisfação ao ver seus dois colegas.
Todos naquela pequena reunião foram apresentados, o pequeno garoto contou como quebrou a perna. Tentando chegar ao topo do maior bloco que já havia visado sofreu uma queda, pois uma grande pedra se desprendeu com o peso do seu corpo, derrubando-o. Explicou de maneira humilde, como era de seu feitio. Ficou durante algumas horas gritando sem ser ouvido e sem poder se mexer, o homem que acompanhava o garoto interrompe a historia, contando agora como foi que ouviu os gritos do filho e o trouxe de volta para casa, falou tudo com muito orgulho e serenidade.
-É muito triste saber o que te distanciou dos nossos encontros. Saber que durante um bom tempo ficara sem escalar. Mas saiba que quando voltar será um novo escalador.A garota junto ao rapaz estendeu o presente para o garoto, que muito feliz agradece e senta rapidamente ao chão para experimentar somente o pé direito da sapatilha. Emocionado o garoto se levanta com dificuldade, negando ajuda ao pai, que tentou facilitar o ato. Abraçou ambos os amigos, o pai cordialmente agradeceu ambos pelo presente. A cena teria sido memorável se a mãe do garoto não viesse gritando agouras com uma bacia cheia de grãos de milho a mão. Interrompeu o agradecimento dos presentes de forma grosseira, falou mal ambos visitantes e disse para os dois que eles eram responsáveis pela perna quebrada do filho.

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Friday, December 14, 2007

Contos de Escalada

Escalador 1
parte 3


A garota esguia se sentou diante da pedra, esta que avançava alguns metros sobre sua cabeça, como se não fizesse esforço algum ela suspendeu seu corpo do chão e rapidamente como um tiro certeiro levou a mão para uma saliência da pedra muito pequena. A progressão dela era como uma dança para o garoto, após alguns movimentos diante daquela rocha que ia contra o seu corpo, forçando aquela garota ficar quase paralela ao chão, ela cai. Amparada por ambos os homens e por um quadrado preto sobre a área, onde colidiu meio sem jeito acompanhada dos gritos de animo deixados pelos dois que a acompanhavam.
Agora um dos homens se sentou diante do bloco, o garoto podia observar a concentração que envolvia a atmosfera naquele momento. Seu corpo saiu do chão com a mesma facilidade que o corpo da mulher, e após alguns movimentos semelhantes aos da moça, ele segura com ambas as mão duas saliências que equivalem a apenas um terço de sua falange... O jovem respira fundo, Guilherme segura a respiração, aquele momento dava a leve impressão de que qualquer deslocamento de ar poderia derrubar aquele corpo agarrado a pedra. Entre a pessoa que segurava aquelas duas pequenas saliências e o topo da pedra não existia nada, a não ser um espaço de pedra lisa e clara característica do lugar. Um salto é dado na tentativa de buscar a borda final do bloco e um grito seco e estrondoso ecoa pelas árvores do bosque, outro estrondo revela que não houve sucesso na tentativa daquele rapaz.
Ainda meio em transe ele se levanta e senta muito próximo ao garoto que assistia toda a cena, sem perceber que alguém o assistia muito entretido.
-O que vocês estão fazendo ai?- Guilherme na tentativa de colher informações sobre sua brincadeira, que agora constava que não era o único que tentava subir os blocos, pergunta para a pessoa ao seu lado.
-Oi. Estamos fazendo boulder.- O homem um pouco assustado com a presença inusitada responde com receio.
-Muito legal isso! Eu também tento subir algumas pedras, mas nenhuma tão alta como esta que vocês estão tentando.
-Que bom, aqui nesse bosque tem muitas crianças que vêm escalar com a família. Qual o seu nome?
-Guilherme. Você pode me ensinar alguma coisa sobre subir esses blocos maiores?
O rapaz de frente para o garoto foi surpreendido com a pergunta e mesmo assim a resposta foi positiva, avisou aos amigos que mostraria o bloco visinho ao seu novo colega. Ambos caminharam em direção a um bloco ao lado, este era mais baixo e muito largo, possibilitando uma variedade de possibilidades e formas diferentes de subir. Após algumas indicações sobre como subir aquela pedra o garoto começou sua primeira investida na superfície vertical do lugar indicado. De forma orgânica e harmoniosa chegou ao topo sem dificuldades, surpreendendo seu observador tamanha a complexidade que envolvia a parede, para uma criança com sua idade conseguir sucesso na primeira tentativa. Empolgado indicou outra linha com o mesma dificuldade da anterior, na tentativa de testar a criança que já estava próxima para o desafio a ser proposto. A experiência vivida pelo rapaz possibilitou perceber que ele não estava lhe dando com qualquer criança.
O entrosamento entre ambos era notório, rapidamente Guilherme foi apresentado para os amigos do jovem que o ensinava como subir blocos.
-Este é Guilherme, meu novo amigo, em ambos sentidos!- Todos riram.
Depois desta breve apresentação os minutos seguintes, foram regados com muita conversa e aprendizado em todos aspectos. Logo em seguida o garoto foi chamado para voltar para a fazenda:
-Gui, vamos indo, esta ficando tarde!- Gritou um de seus irmãos mais velhos.
A criança se despediu de seus novos amigos, que tinham o mesmo gosto por subir pedras como eles.
Na semana seguinte, a criança que brincava pelos blocos de pedra mudara. Não usava mais sandálias para se aventurar, assim como seus novos amigos, optou por um calçado fechado, visando maior precisão em suas subidas. Visava também blocos mais altos dentro da fazenda, aumentando o risco e a satisfação final. O por do sol foi esquecido, agora o que importava para ele era subir os mais difíceis e não ver o por do sol quando chegar ao topo, sua mentalidade era outra.
Passado exatamente sete dias, do primeiro encontro com os amigos, resolveu ir ao bosque sozinho. Pegou uma mochila com comida e um pouco de água, era tudo que precisava para seu dia nos blocos do bosque. Ao chegar não demorou muito para encontrar seus amigos, estavam próximos ao bloco onde se viram a primeira vez. Este dia foi muito produtivo para Guilherme. Seus amigos explicaram que aquilo que ele fazia era escalar, que aquela modalidade de escalada era muito peculiar como todas as outras e, também, que o crescimento de adeptos naquele estilo estava crescendo. Explicaram os graus da escalada, junto com o uso correto de equipamentos, fato que deixou a criança um pouco apreensiva, afinal não teria dinheiro para comprar nada. O pequeno garoto tomou conhecimento da relevância que tinha aquele bosque para os escaladores. Era o maior já descoberto na região, com uma variedade enorme de diferentes linhas, graus e blocos.
Os encontros entre essas pessoas tornaram-se mais freqüentes. Porém, apenas um dos escaladores parou de freqüentar o bosque por ter que mudar de país, deixando somente o jovem casal ter mais afinidade com o garoto.

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Wednesday, December 12, 2007

Contos de esclada

Escalador 1
parte 2

Os irmãos aceitaram a proposta cheios de entusiasmo. Um a um pulou a cerca, se ajudaram como de costume diante de qualquer adversidade da brincadeira. A quantidade de pedras de tamanhos variados aumentava e os mais novos deixam sua mente ir mais além quando nomeavam as formas de rochas diferentes que surgiam. Ao se distanciarem dos limites da fazenda, junto dos blocos formava-se um bosque tímido de árvores grandes e dispostas umas longe das outras. Avançando pelo novo terreno a grama macia sobre os pés das crianças transformavam tudo em um aspecto mais aconchegante.
A garota mais nova anuncia a hora de parar, com sede e fome obriga todos abandonarem a exploração por alguns minutos. Preparados para este tipo de situação alguns retiraram de suas singelas mochilas alguns lanches e algumas garrafas de refrigerantes preenchidas com água, acomodando tudo em uma grande roda protegidos por uma grande pedra que repousava suspensa sobre suas cabeças.
A distribuição de tudo era muito precisa cada um recebia o seu lanche com direito de beber água a vontade.
Guilherme rapidamente comeu tudo a fim de aproveitar o tempo vago para vistoriar o objeto de suas brincadeiras. Rodeado por várias pedras muito interessantes do seu ponto de vista e outras que nem cogitava em subir, passeou durante alguns minutos ensaiou algumas subidas sem muita pretensão. Continuou a busca por algo que não sabia o que era, mas sabia que havia de procurar. Seus irmãos estavam perto, isso era muito claro uma vez que todo aquele amontoado de crianças causava muito barulho ao redor do bosque. Junto com as vozes dos irmãos tornaram-se mais claras as vozes de outras pessoas, mal sabia o pequeno curioso aquilo que iria encontrar.
Andou até a metade de uma clareira avistando de longe três pessoas de frente para um bloco imponente, um dos maiores que ele já havia visto, aparentemente o triplo dos maiores que já subira em suas brincadeiras. Apertou um pouco os olhos para ver se conhecia tais pessoas, afinal aquele bosque parecia não abrigar uma viva alma humana e se seus irmãos soubessem disso o pretexto da exploração seria anulado, posto que a busca por lugares inóspitos era o foco da brincadeira. Uma mulher acompanhada de dois homens aparentando terem uns vinte e cinco anos e que para sua surpresa os três tentavam subir o bloco que, diferente de alguns que vira nas redondezas estava manchado de branco em diferentes lugares. Animado e tomado pela curiosidade aproximou-se sem pestanejar, algo dentro de sua mente dizia que a aproximação não traria problemas.
Alguns passos separavam as três pessoas entretidas no domínio do grande bloco e o garoto, este com profunda admiração observava aqueles que julgava serem seus iguais.Sentou-se em uma pedra que o mantinha ainda fora do alcance de visão daqueles jovens, embora a proximidade fosse tanta que poderiam ouvir qualquer som emitido pela criança, que era um fato impossível, pelo simples fato de Guilherme não querer atrapalhar aquele momento mágico que presenciava.

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Monday, December 10, 2007

Contos de Escalada

Escalador 1
parte 1

Guilherme, nascido no antro da escalada do seu país natal, foi abençoado ao conhecer o esporte com apenas dez anos de idade.
Essa história serve para traçar os primeiros passos de um garoto que via as pedras de forma diferente.
Nascido em família pobre, quase sem futuro, foi conhecer o esporte de forma acidental. Desde seus sete anos de idade ajudava a família de seis irmãos a cuidar das terras de um primo de seu pai. Fazenda de gado, coisa pouca, fácil de cuidar. Senhor Emanuel era o dono da família, leal e competente ensinava os filhos a como ostentar o ofício que iria sustentar todos durante o resto de suas vidas.
Guilherme sempre no final da tarde, depois de assistir aula logo de manhã e, depois do almoço ajudar o pai e os irmão na fazenda, gostava de ver o por do sol de cima das pedras que ficavam de um lado esquecido da fazenda. Para ele a diversão era subir a pedra mais difícil, pois lá de cima o por sol seria mais bonito. Com o passar dos tempos a brincadeira tornou o por do sol mais bonito, afinal, cada vez a subida tornava-se mais difícil. A evolução do garoto era indomável e desconhecida para ele próprio. Sendo tão determinado como era, alguns dias o por do sol não podia ser visto pelo simples fato de cismar com uma pedra difícil de subir. Para qualquer outra criança de sua idade o problema seria resolvido facilmente, bastava subir a pedra ao lado, que era mais baixa e mais fácil de subir, ou melhor, bastava subir pelo outro lado da pedra que o impedia de ver o por do sol, onde tudo era bem mais ameno. E ele não desistia. Voltava para casa triste por não poder se despedir do sol, e após várias tentativas frustradas seu grande motivador já iluminava o outro hemisfério do mundo, mas isso tornava a determinação do pequeno mais apurada. Vários dias de tentativas eram gratificadas por uma visão mais bela daquele horizonte alaranjado.
Algumas vezes aconteciam acidentes. Certo dia, em uma de suas investidas sobre um bloco, que a uma semana e meia ele visava o topo, ocorreu o acidente. Próximo do topo, onde já era visível o lugar onde iria sentar para vislumbrar a paisagem que crescia do outro lado da pedra, foi surpreendido pela fita de sua sandália que estourou. Despencou alguns poucos metros causando alguns ferimentos. O sol já havia ido embora, deixando o garoto sangrando no chão escuro...
-Mas o que é isso muleque? Seus braços e suas pernas estão machucados, já para dentro lavar isso tudo.
Seguiu para dentro de sua casa de cabeça erguida, com um sorriso no rosto, em sua mente ele sabia que no dia seguinte ele veria seu amigo sol. Levando ele a concluir que sandálias não seriam mais suas companheiras naquelas brincadeiras. Passaram-se os anos, a brincadeira ainda era a diversão de Guilherme. Nos finais de semana a diversão de subir em blocos de pedra era substituída por: nadar no lago, andar a cavalo, fugir dos bois e outras brincadeiras que cercavam a mente do menino dos blocos esquecidos em algum canto da fazenda. Entre as brincadeiras dos finais de semana a preferida das crianças era a tão famosa exploração, juntavam-se todos os irmãos e saiam para caminhar em busca de cachoeiras ou de outros lugares onde ninguém jamais havia visitado, segundo eles. O aparato de exploração era muito grande, paus viravam armas contra animais, os mais fortes levavam os lanches e os mais velhos iam a frente, Guilherme ficava sempre no meio, pois era o terceiro da prole. E foi por causa dele que neste dia de final de semana foram visitar o lado esquecido da fazenda. Andaram várias horas dentre as pedras, deram nome para algumas, viram formas em outras e nenhuma criança pensou subir nenhuma delas. Guilherme, para zelar seus momentos de meditação e diversão solitários, optou por guardar o segredo de sua brincadeira. Aproveitou a companhia dos irmãos e a proteção de todos para propor uma ida fora dos limites da fazenda, lugar por onde nenhum deles pensou estar. Para todos era um desafio, embora soubessem que se os pais descobrissem algo seriam severamente castigados; para o pequeno conhecedor dos blocos de dentro da fazenda, aquele passeio seria motivo para aumentar seu leque de desafios.

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Saturday, December 08, 2007

Contos de escalada...

Fala meus quiridos....
Depois de algum tempo sem escrever nada de prestativo sobre escalada e depois de não achar nada de legal em literatura da escalada envolvendo histórias mais atuais sobre escalada esportiva e ficção, resolvi cooperar com pessoas que curtem historias ou contos fictícios e o melhor, que envolvem escalada....hehehee....
Sera uma série de contos que envolvem escalada esportiva. Serão contos que envolvem escaladores que não existem de verdade, mas que sempre tem um pouquinho de uma escalador que convivemos ou já ouvimos falar...hehehehhe...
Vou colocar as coisas de acordo com aquilo que for produzindo, e estarei registrando, portanto evitem copiar sem falar a fonte e o autor dos contos, que sou eu! heheheheh.....Afinal isso é crime.
Espero que gostem!
Vou começar a postar o começo do primeiro conto segunda....mas para dar um gostinho vou colocar um trecho do primeiro conto.....
hheheheheh.....

"A evolução do garoto era indomável e desconhecida para ele próprio. Sendo tão determinado como era, alguns dias o por do sol não podia ser visto pelo simples fato de cismar com uma pedra difícil de subir. Para qualquer outra criança de sua idade o problema seria resolvido facilmente, bastava subir a pedra ao lado, que era mais baixa e mais fácil de subir, ou melhor, bastava subir pelo outro lado da pedra que o impedia de ver o por do sol, onde tudo era bem mais ameno. E ele não desistia. Voltava para casa triste por não poder se despedir do sol, após várias tentativas frustradas seu grande motivador já iluminava o outro hemisfério do mundo, mas isso tornava a determinação do pequeno mais apurada."

Esqueci de falar, é fato que os contos são voltados para escaladores, isto é, literatura escalatrística carregada de termos de escalada difícil de ser entendida por leigos no assunto(que elitista)...hehehehe....então casso ocorram dúvidas de algum leitor despreparado basta comentar a pergunta que eu respondo no post posterior!!!
É isso ai!!!
abraços!!!
espero que gostem.....

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Monday, December 03, 2007

Violão!

Eu tocando violão!
esse findi quem sabe eu ajeito o meu....pq esse é o da Déia ....toco mais ele doq ela!hahahah

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Preparando...

João Ricardo em fase de preparação!
Escalando, fazendo pilates, musculação e campus.....alguma coisa vai ter que servir ai....
E o principal de tudo: estou muito motivado!
tem um bloco em valinhos com 4 projetinhos......
todos acima de v9...heheheh....
esse sabado fui la....e vi que vou me divertir muito ate antes de mandar algum deles.....mas é isso ai!
abraços!

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